entraves para pesquisas com canabinoides

Pesquisas com canabinoides ao redor do mundo

       A pesquisa científica relacionada aos canabinoides, compostos encontrados na planta de cannabis, tem despertado um crescente interesse em diversas áreas da medicina e da saúde. No entanto, nos Estados Unidos, essa pesquisa enfrenta uma série de barreiras e entraves que dificultam seu avanço e desenvolvimento. Desde questões legais até desafios financeiros, diversos fatores contribuem para essa situação complexa e delicada.

        A realidade sobre as pesquisas atualmente ocorre devido ao constante interesse de algumas empresas do ramo farmacêutico, que aborda o uso do canabidiol isolado e consegue, com financiamento e muito lobby, direcionar suas pesquisas nessa área. E por isso o estudo com canabidiol isolado está mais avançado em relação aos outros canabinoides. Quando se trata dos extratos integrais , as dificuldades se multiplicam e os pesquisadores dessa área têm enfrentado uma luta que dura anos, com obstáculos e entraves diversos, que iremos discutir á seguir.

Realidade atual das pesquisas com canabinoides

       As pesquisas com canabinoides têm ganhado destaque globalmente devido ao crescente interesse em seus potenciais efeitos medicinais e terapêuticos. Diversos países estão investindo recursos consideráveis para investigar as propriedades dos canabinoides e seu impacto em uma variedade de condições de saúde. Esse panorama reflete a evolução das pesquisas nessa área e destaca as instituições líderes nesse campo.

Evolução das Pesquisas: Nos últimos anos, houve um aumento significativo na quantidade de pesquisas científicas dedicadas aos canabinoides. Estudos têm explorado sua eficácia no tratamento da dor crônica, epilepsia, ansiedade, distúrbios do sono e até mesmo em condições como esclerose múltipla e câncer. Além disso, os canabinoides têm sido alvo de investigações para compreender melhor seus mecanismos de ação no corpo humano e seu potencial impacto na neuroproteção e regulação do sistema imunológico.

Estatísticas Relevantes:

  • De acordo com a base de dados PubMed, entre 2011 e 2021, o número de artigos científicos publicados sobre canabinoides aumentou significativamente, passando de cerca de 6.500 para mais de 11.000 artigos.
  • A Europa tem sido um dos principais polos de pesquisa em canabinoides, com países como Israel, Alemanha e Reino Unido liderando as investigações.
  • Estudos clínicos têm se multiplicado, com ensaios randomizados controlados avaliando os efeitos dos canabinoides em diversas condições médicas.

 

Principais Instituições Produtoras de Pesquisas com Canabinoides:

  1. Hebrew University of Jerusalem (Israel): A universidade é um dos principais centros de pesquisa em canabinoides, com destaque para os estudos pioneiros do professor Raphael Mechoulam na identificação do THC e do CBD. Pesquisadores dessa instituição continuam a explorar os usos terapêuticos dos canabinoides e seus efeitos no sistema nervoso.

  2. University of California, San Francisco (EUA): Essa instituição é reconhecida por sua pesquisa de ponta em diversas áreas da medicina, incluindo a pesquisa com canabinoides. Seus cientistas têm investigado os efeitos dos canabinoides no sistema imunológico, no cérebro e em várias condições médicas.

  3. University of Toronto (Canadá): O Canadá é um dos países pioneiros na legalização da cannabis para uso medicinal e recreativo, o que tem incentivado pesquisas em instituições como a Universidade de Toronto. A pesquisa abrange desde a análise de compostos individuais até estudos clínicos sobre o uso de cannabis medicinal.

  4. University College London (Reino Unido): O Reino Unido tem visto um crescimento significativo nas pesquisas com canabinoides nos últimos anos. O University College London é uma das instituições líderes nesse campo, explorando o potencial dos canabinoides no tratamento de distúrbios neurológicos e psiquiátricos.

  5. University of Bonn (Alemanha): A Alemanha também tem desempenhado um papel importante nas pesquisas com canabinoides, com a University of Bonn liderando a investigação sobre os efeitos dos canabinoides no sistema nervoso central e em doenças neurodegenerativas.

  6. Universidade de São Paulo USP (Brasil) : O Brasil possui o maior número de publicações à cerca do uso e propriedades do canabidiol, através dos pesquisadores Crippa, guimarães e Zuardi.

 

       Em conjunto, essas instituições estão contribuindo para a expansão do conhecimento sobre canabinoides e suas aplicações médicas. Suas pesquisas têm o potencial de transformar a maneira como abordamos diversas condições de saúde e abrir novas oportunidades terapêuticas para pacientes em todo o mundo.

      

 

Principais entraves para pesquisas com canabinoides

Legislação Complexa: Uma das principais barreiras que dificultam a pesquisa com canabinoides nos Estados Unidos é a complexidade da legislação federal e estadual. Embora um número crescente de estados tenha legalizado a cannabis para fins medicinais e/ou recreativos, a substância ainda é considerada ilegal a nível federal. Isso cria um ambiente jurídico incerto para os pesquisadores, que podem enfrentar dificuldades em obter financiamento e aprovações para seus estudos devido ao conflito entre leis estaduais e federais.

Aprovações Regulatórias: A obtenção de aprovações regulatórias para a pesquisa com canabinoides nos Estados Unidos pode ser uma tarefa árdua. A substância está classificada como uma droga de Programação I pela Drug Enforcement Administration (DEA), o que a coloca na mesma categoria que drogas como heroína e LSD. Essa classificação dificulta a obtenção de autorizações para a pesquisa clínica, tornando o processo mais burocrático e demorado do que o normal.

Falta de Financiamento: Outro grande entrave para pesquisas com canabinoides é a falta de financiamento adequado. Devido às restrições legais e à classificação da substância como uma droga de Programação I, muitas instituições de pesquisa e agências governamentais relutam em investir recursos significativos em estudos relacionados aos canabinoides. Isso limita o potencial de descobertas médicas e terapêuticas que poderiam advir dessa pesquisa.

Limitações em Acesso a Fontes de Cannabis: Mesmo quando os pesquisadores conseguem obter aprovações para seus estudos, muitas vezes enfrentam dificuldades em acessar fontes de cannabis de qualidade para suas pesquisas. O governo federal dos Estados Unidos tem um monopólio sobre a produção de cannabis para pesquisa, e a qualidade do produto fornecido nem sempre atende aos padrões necessários para estudos clínicos rigorosos. Isso pode afetar a validade e a confiabilidade dos resultados obtidos.

Estigma e Preconceito: O estigma associado à cannabis também é um obstáculo significativo para a pesquisa com canabinoides nos Estados Unidos. Muitas pessoas ainda associam a cannabis apenas ao uso recreativo e podem olhar com desconfiança para estudos médicos relacionados à planta. Esse preconceito pode afetar a percepção pública da pesquisa, dificultando a aceitação e a compreensão dos potenciais benefícios medicinais dos canabinoides.

Conflito de Interesses da Indústria Farmacêutica: A indústria farmacêutica é outro ator importante que pode influenciar a pesquisa com canabinoides nos Estados Unidos. Uma vez que certos canabinoides demonstraram potencial terapêutico em áreas como dor crônica e epilepsia, a indústria farmacêutica pode perceber esses compostos como concorrentes de seus próprios medicamentos. Isso pode levar a pressões para restringir ou desacelerar a pesquisa com canabinoides, a fim de proteger seus próprios interesses comerciais.

Perspectivas Futuras: Apesar das barreiras e entraves atuais, há sinais de mudança nos Estados Unidos. À medida que mais estados legalizam a cannabis e a opinião pública evolui, pressões estão sendo exercidas para reformar as leis e regulamentos que dificultam a pesquisa com canabinoides. Além disso, a crescente demanda por terapias alternativas e o potencial de descobertas científicas valiosas estão aumentando o interesse em investir na pesquisa com canabinoides.

        A pesquisa com canabinoides nos Estados Unidos enfrenta uma série de barreiras e entraves, desde a complexidade da legislação até a falta de financiamento adequado e estigma social. No entanto, à medida que a compreensão sobre os potenciais benefícios medicinais dos canabinoides cresce e a opinião pública muda, é possível que as restrições atuais sejam aliviadas. Promover um ambiente de pesquisa mais favorável e flexível é essencial para desbloquear o verdadeiro potencial terapêutico dos canabinoides e melhorar a saúde e o bem-estar de muitos indivíduos.

Dr. João Carlos Normanha 

 Blog MedCan


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