Beta-Cariofileno : Potencial canabinoide dietético
O beta-cariofileno é uma substância pertencente à família dos sesquiterpenos, uma classe de compostos orgânicos encontrados em plantas e responsáveis por suas propriedades aromáticas e medicinais. Sua estrutura molecular é composta por isoprenos, unidades básicas que se unem para formar terpenos mais complexos. No caso do beta-cariofileno, são três unidades de isopreno, resultando em uma estrutura cíclica.
A molécula é caracterizada por um anel de 10 átomos de carbono, formando uma estrutura tricíclica conhecida como biciclogermacreno. Esta configuração confere à substância propriedades únicas que desempenham papéis significativos na biologia das plantas e em aplicações terapêuticas.
No contexto biológico, o beta-cariofileno é encontrado em uma variedade de plantas, como o cravo-da-índia (Syzygium aromaticum), a pimenta-preta (Piper nigrum) e diversas espécies de cannabis. A presença desta substância em plantas aromáticas contribui para seus perfis de aroma e sabor, influenciando diretamente nas características sensoriais desses vegetais.
Uma das características distintivas é sua atuação como agonista de receptores canabinoides CB2 no sistema endocanabinoide. Este sistema desempenha um papel crucial na regulação de funções fisiológicas, como o sistema imunológico. Ao interagir com os receptores CB2, o beta-cariofileno pode modular a resposta imunológica, sugerindo potenciais aplicações terapêuticas em condições inflamatórias e autoimunes.
Alfa e Óxido de Cariofileno
Além do beta-cariofileno, existem duas outras formas isoméricas: o alfa-cariofileno e o óxido de cariofileno. A principal diferença entre essas variantes está na orientação espacial dos átomos de carbono na estrutura molecular. Enquanto o beta-cariofileno possui uma conformação trans, o alfa-cariofileno apresenta uma conformação cis. Já o óxido de cariofileno é uma forma oxidada, resultante da adição de um átomo de oxigênio à molécula.
Essas diferenças estruturais também influenciam os mecanismos de ação das diferentes formas de cariofileno. Enquanto o beta-cariofileno é conhecido por sua interação com os receptores canabinoides, o alfa-cariofileno demonstra propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, atuando em vias específicas relacionadas à resposta imune e à dor.
Quanto ao óxido de cariofileno, sua atividade biológica é associada à ação antimicrobiana. Estudos indicam que o óxido de cariofileno pode inibir o crescimento de bactérias e fungos, sugerindo potenciais aplicações na indústria farmacêutica e de conservação de alimentos.
Além de sua presença em plantas, o beta-cariofileno é encontrado em muitos óleos essenciais utilizados na aromaterapia e na indústria de fragrâncias. Sua popularidade nesses campos destaca não apenas suas propriedades biológicas, mas também seu apelo sensorial.
O beta-cariofileno é uma molécula fascinante com uma rica diversidade de funções biológicas e aplicações terapêuticas. Sua presença em plantas, óleos essenciais e a interação específica com receptores canabinoides destacam sua relevância tanto na pesquisa científica quanto na indústria de produtos naturais e medicamentos.
Beta-cariofileno e Sistema Endocanabinoide
Interação Terpeno-Sistema Endocanabinoide
O beta-cariofileno exerce sua ação no organismo humano por meio da interação com os receptores canabinoides CB2, uma parte do sistema endocanabinoide. O sistema endocanabinoide é uma complexa rede de receptores, endocanabinoides (substâncias produzidas pelo próprio corpo) e enzimas envolvidas na regulação de diversas funções fisiológicas, incluindo o sistema imunológico.
Os receptores canabinoides CB2 são predominantemente encontrados em células do sistema imunológico, como macrófagos, células T e células B. Ao se ligar a esses receptores, o beta-cariofileno pode modular a resposta imunológica de várias maneiras. Essa interação é considerada uma ativação seletiva, pois age especificamente nos receptores CB2, em oposição aos receptores CB1, que estão principalmente localizados no sistema nervoso central.
A ativação dos receptores CB2 tem implicações significativas no sistema fisiológico, principalmente no que diz respeito à regulação do sistema imunológico. Em condições inflamatórias, os receptores CB2 podem modular a liberação de substâncias químicas pró-inflamatórias, reduzindo assim a resposta inflamatória excessiva.
Ação do beta-cariofileno no Sistema endocanabinoide
O beta-cariofileno, um agonista fraco do CB1, é o que os cientistas chamam de “agonista completo” no receptor canabinoide CB2, que desempenha um papel importante na regulação da função imunológica e da inflamação. A sua presença em muitos alimentos e especiarias e a sua forte afinidade com o CB2 valeram ao BCP o reconhecimento como o primeiro “canabinóide dietético” conhecido.
Vários estudos mostraram que também interage com receptores ativados por proliferadores de peroxissoma (PPARs, pronunciados pee-parrs ) localizados na superfície do núcleo da célula. O CBD também ativa esses receptores, que regulam o metabolismo e a homeostase energética.
Dado o papel dos PPARs e do sistema endocanabinóide na modulação dos processos metabólicos, um grupo de investigadores sediados em Turim, Itália, quis ver se o BCP era eficaz num modelo celular de doença hepática gordurosa não alcoólica, a doença hepática crónica mais comum em todo o mundo. com uma prevalência global de mais de 30%.
Propriedades Médicas e uso clínico
Essa propriedade anti-inflamatória pode ter implicações terapêuticas em várias condições relacionadas à inflamação crônica, como doenças autoimunes, artrite reumatoide e outras condições inflamatórias. A capacidade do beta-cariofileno de modular a resposta imunológica sem os efeitos psicoativos associados aos canabinoides que ativam os receptores CB1 (como o THC, encontrado na cannabis) faz com que essa substância seja particularmente interessante para aplicações médicas.
Além disso, pode desempenhar um papel na modulação da dor, uma vez que a inflamação está frequentemente associada a sensações dolorosas. Ao regular a resposta inflamatória, pode indiretamente influenciar a percepção da dor em certas condições.
É importante notar que, embora a interação do beta-cariofileno com os receptores CB2 tenha implicações terapêuticas promissoras, a pesquisa nessa área ainda está em estágios iniciais. Estudos adicionais são necessários para compreender completamente os mecanismos envolvidos e determinar a eficácia clínica em diferentes condições.
O beta-cariofileno exerce sua ação no organismo humano por meio da interação com os receptores canabinoides CB2, influenciando a resposta imunológica e potencialmente modulando processos inflamatórios e a percepção da dor. Essa característica faz dele uma substância de interesse na pesquisa biomédica para o desenvolvimento de terapias que visam o sistema endocanabinoide de forma seletiva e segura.
A ação dos canabinoides da planta da cannabis está intimamente relacionado com a atividade de alguns terpenos que podem ser adquiridos na dieta e introduzidos como protocolos para otimizar a ação desejada para uma modulação canabinoide.
Para isso é preciso profissionais capacitados e equipes interdisciplinares para alcançar os resultados desejados.
Saiba mais sobre os terpenos da planta da cannabis num texto completo sobre o assunto publicado clicando aqui.
Nossa equipe de profissionais do Instituto de Medicina Orgânica está aqui para auxiliar nessa modulação através de protocolos de tratamento próprios, após anos de dedicação de nossos profissionais para o estudo da terapêutica canabinoide.
Acesse para mais informações e agendamento de consultas.
Profissional médico ou prescritor, nos procure para cursos na área.