autismo e canabidiol

Autismo e Canabidiol 

Entendendo o Autismo (TEA)

      O autismo é um termo generalizado para descrever o Transtorno do Espectro Autista (TEA), que é uma condição neurocomportamental que afeta o desenvolvimento da criança e persiste ao longo da vida. É caracterizado por dificuldades na comunicação social, padrões restritos e repetitivos de comportamento, além de interesses restritos e intensos. Os sintomas podem variar amplamente, desde casos leves com dificuldades sutis até quadros mais graves que afetam significativamente a qualidade de vida.

      A incidência do autismo tem aumentado nas últimas décadas, sendo considerado um dos transtornos do neurodesenvolvimento mais comuns, afetando aproximadamente 1 em cada 59 crianças. É mais comum em meninos do que em meninas, com uma proporção de cerca de 4:1.

      Os sintomas geralmente começam a se manifestar na infância, com sinais precoces incluindo falta de contato visual, atrasos no desenvolvimento da fala e dificuldades na interação social. Outros sintomas comuns incluem estereotipias motoras, sensibilidade sensorial, dificuldades de aprendizagem e comportamentos repetitivos.

      O diagnóstico é feito por uma equipe multidisciplinar, incluindo médicos, psicólogos e terapeutas especializados. Geralmente, é baseado em observações clínicas e histórico de desenvolvimento da criança, juntamente com a aplicação de critérios diagnósticos estabelecidos em manuais internacionais, como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).

      Embora não haja cura, intervenções terapêuticas podem ajudar a melhorar os sintomas e a qualidade de vida das pessoas afetadas. O tratamento geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, com diferentes terapias, como terapia comportamental, terapia ocupacional, fonoaudiologia e intervenção educacional. A intervenção precoce e intensiva é fundamental para maximizar o potencial de desenvolvimento da criança.

      Além disso, é importante oferecer suporte e compreensão às pessoas com TEA e suas famílias, promovendo a inclusão social e educacional. A conscientização pública sobre o TEA também desempenha um papel crucial na redução do estigma e na garantia de que as pessoas com TEA tenham acesso aos serviços e apoios necessários.

      O Transtorno do Espectro Autista é uma condição complexa que afeta o desenvolvimento da criança e persiste ao longo da vida. Com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, é possível melhorar a qualidade de vida das pessoas com TEA e promover sua inclusão na sociedade.

       Mais recentemente, algumas evidências demonstraram que os indivíduos com o transtorno do espectro autista possuem disfunções no sistema endocanabinoide. E agora vamos detalhar essas pesquisas e quais alterações esses indivíduos apresentam nos seus endocanabinoides.

O sistema endocanabinoide 

      O sistema endocanabinoide é um complexo sistema de sinalização presente no corpo humano. Ele é composto por receptores de canabinoides, substâncias químicas chamadas endocanabinoides e enzimas que estão envolvidas em vários processos fisiológicos. O sistema endocanabinoide desempenha um papel fundamental na regulação do equilíbrio interno do corpo, conhecido como homeostase. 
      Ele está envolvido na regulação da dor, do humor, do sono, do apetite, do sistema imunológico e de outras funções importantes. Também está presente nos segmentos responsáveis pelo comportamento, emoções, controle emocional, raiva, sistema límbico e áreas relacionadas ao aprendizado.
       O tônus do sistema endocanabinoide refere-se ao seu estado de atividade e equilíbrio, que pode ser influenciado por fatores externos, como a introdução de canabinoides exógenos ou estresse e endógenos, como atividade dos endocanabinoides e densidade dos receptores canabinoides.

As evidências atuais sobre o papel dos endocanabinoides no autismo são ainda limitadas e estão em estágios iniciais de pesquisa. No entanto, estudos pré-clínicos e algumas pesquisas clínicas sugerem que o sistema endocanabinoide pode estar envolvido nos mecanismos subjacentes ao transtorno do espectro autista (TEA).

O Sistema Endocanabinoide no Autismo

      Estudos em modelos animais mostraram alterações no sistema endocanabinoide em conexão com comportamentos associados ao autismo, como déficits sociais e comunicação. Além disso, algumas pesquisas clínicas identificaram níveis alterados de endocanabinoides em indivíduos com TEA em comparação com indivíduos neurotípicos. Outros estudos evidenciaram a deficiência da anandamida (endocanabinoide) no líquor de indivíduos com autismo e o nível de deficiência desse canabinoide estava relacionado com a gravidade dos sintomas.

      No entanto, é importante ressaltar que essas descobertas são preliminares e que ainda são necessárias mais pesquisas para entender melhor a relação entre os endocanabinoides e o autismo. Estudos adicionais são necessários para investigar se a modulação do sistema endocanabinoide pode ter benefícios terapêuticos para pessoas com TEA.

A Anandamida e os sintomas do espectro autista

      A anandamida é um dos principais endocanabinoides encontrados no organismo humano e desempenha um papel fundamental na regulação das funções cerebrais. Ela atua como um mensageiro químico, ligando-se aos receptores de canabinoides no cérebro e em outros sistemas do corpo.

      A anandamida está envolvida em várias funções cerebrais, como a regulação do humor, da memória, do apetite e da dor. Ela desempenha um papel importante na modulação da neurotransmissão, afetando a liberação e a atividade de diferentes substâncias químicas no cérebro.

      No contexto do autismo, estudos preliminares têm investigado a relação entre a anandamida e os sintomas do transtorno do espectro autista (TEA). Alguns estudos sugerem que os níveis de anandamida podem estar alterados em pessoas com TEA. Essas alterações podem estar relacionadas a disfunções no sistema endocanabinoide e podem contribuir para os sintomas associados ao autismo.

      Sintomas comuns do autismo, como déficits sociais, ansiedade e comportamentos repetitivos, podem estar relacionados a disfunções na modulação da anandamida e de outros componentes do sistema endocanabinoide. Alterações na regulação do sistema endocanabinoide podem interferir na comunicação neuronal adequada, afetando as vias de sinalização que regulam a cognição, a emoção e o comportamento.

      No entanto, é importante ressaltar que a pesquisa nessa área é limitada e as relações exatas entre a anandamida e os sintomas do autismo ainda não estão totalmente esclarecidas. Mais estudos são necessários para entender melhor a interação entre o sistema endocanabinoide, incluindo a anandamida, e o autismo.

      É válido mencionar que a utilização de canabinoides exógenos, como o canabidiol (CBD), que também interage com os receptores de canabinoides, tem sido explorada como uma possível intervenção terapêutica no tratamento do autismo. No entanto, o uso de CBD para o autismo requer mais pesquisas para avaliar sua eficácia, segurança e dosagem adequada.

autismo e canabidiol

Autismo e Canabidiol

     O tratamento com canabidiol (CBD) para o autismo tem despertado interesse tanto em profissionais de saúde quanto em famílias que buscam opções terapêuticas para melhorar os sintomas e a qualidade de vida das pessoas com transtorno do espectro autista (TEA). O canabidiol é um dos compostos encontrados na planta da cannabis e tem propriedades terapêuticas potenciais.

      Embora as evidências atuais sobre a indicação do CBD no autismo sejam limitadas, estudos pré-clínicos e algumas pesquisas clínicas iniciais mostraram resultados promissores. Alguns estudos sugerem pode ajudar a reduzir a ansiedade, melhorar comportamentos repetitivos e estereotipados, além de promover melhorias na comunicação e interação social em indivíduos com TEA.

      No entanto, é importante ressaltar que a pesquisa nesta área ainda está em estágios iniciais, e os estudos são limitados em tamanho e qualidade metodológica. Há uma necessidade urgente de ensaios clínicos controlados e bem projetados para avaliar a eficácia e segurança do CBD como tratamento.

      Diversas instituições de renome têm se dedicado a estudar o uso do canabidiol no autismo. Entre elas, destacam-se:

  1. Autism Research Institute (ARI): O ARI é uma organização sem fins lucrativos que apoia a pesquisa e promove o desenvolvimento de tratamentos eficazes para o autismo. Eles têm conduzido estudos clínicos e explorado o uso de canabinoides, incluindo o CBD, no tratamento do autismo.

  2. University of California, San Diego (UCSD): A UCSD é uma instituição de ensino superior que tem realizado pesquisas sobre o uso de canabinoides no autismo. Seus estudos incluem a investigação dos efeitos do CBD em comportamentos sociais, comunicação e ansiedade em indivíduos com TEA.

  3. Israel Institute of Technology (Technion): O Technion tem conduzido pesquisas sobre o uso de canabinoides, incluindo o CBD, no tratamento do autismo. Eles têm explorado os efeitos do CBD na modulação de sintomas comportamentais e cognitivos associados ao TEA.

  4. University of California, Los Angeles (UCLA): A UCLA tem sido pioneira na pesquisa sobre o uso de canabinoides no autismo. Eles têm realizado estudos clínicos para avaliar a eficácia e segurança do CBD no tratamento de sintomas como ansiedade, agressividade e irritabilidade em indivíduos com TEA.

      Embora as pesquisas em curso sejam promissoras, é importante ressaltar que o uso do CBD para o tratamento do autismo deve ser feito sob a supervisão de profissionais de saúde especializados. A dosagem e a forma de administração podem variar de acordo com as necessidades individuais, e é essencial garantir a qualidade e a segurança dos produtos utilizados.

       O tratamento com canabidiol para o autismo tem despertado interesse, mas as evidências atuais são limitadas. Instituições renomadas têm se dedicado a estudar o uso do CBD no autismo, mas mais pesquisas são necessárias para estabelecer a eficácia, segurança e diretrizes claras de uso do CBD como tratamento para o autismo.

O Instituto de Medicina Orgânica com sede em São Paulo, Capital e Goiânia, Goiás,  reune uma equipe interdisciplinar para auxiliar na prescrição, ajuste e adaptação ao medicamento derivado da cannabis contendo o canabidiol CBD e outros produtos derivados planta.

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