O Estresse Crônico e sua influência nos Endocanabinoides : Uma Perspectiva Científica para Médicos
O estresse crônico, presente em nossas vidas modernas, se configura como um vilão silencioso, tecendo uma teia complexa de efeitos deletérios à saúde, especialmente no âmbito hormonal. Compreender essa relação profunda entre o estresse e o sistema hormonal, com foco nos principais hormônios afetados pelo ciclo circadiano, como o cortisol, é crucial para profissionais da área médica buscarem soluções terapêuticas eficazes e promoverem o bem-estar de seus pacientes.
O Ciclo Circadiano e o Maestro da Orquestra Hormonal:
O corpo humano funciona como uma orquestra regida pelo ciclo circadiano, um relógio interno de 24 horas que regula diversos processos fisiológicos, incluindo a secreção hormonal. O maestro dessa orquestra é o núcleo supraquiasmático (NSQ), localizado no hipotálamo, que sincroniza o organismo com o ciclo dia-noite.
Cortisol: O Hormônio do Estresse em Destaque:
No palco do ciclo circadiano, o cortisol assume o papel de protagonista. Secretado pelas glândulas supra-renais, ele atua como um hormônio do estresse, preparando o corpo para enfrentar desafios. Níveis adequados de cortisol são essenciais para a saúde, regulando processos como:
- Resposta inflamatória: O cortisol suprime a resposta inflamatória, auxiliando na defesa contra infecções e no reparo tecidual.
- Metabolismo: Ele regula o metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas, fornecendo energia para o corpo.
- Função imunológica: O cortisol modula a função imunológica, auxiliando na defesa contra patógenos.
O Estresse Crônico e a Desafinação Hormonal:
O estresse crônico, caracterizado por uma exposição prolongada a situações estressantes, provoca uma desafinação na orquestra hormonal, alterando os níveis e o ritmo de secreção de diversos hormônios, incluindo o cortisol.
- Excesso de Cortisol: O estresse crônico leva à hipersecreção de cortisol, causando uma série de efeitos negativos, como:
- Supressão do sistema imunológico: O excesso de cortisol pode suprimir o sistema imunológico, aumentando a suscetibilidade a infecções.
- Aumento do risco de doenças cardiovasculares: O cortisol elevado pode aumentar a pressão arterial, os níveis de colesterol e o risco de doenças cardíacas e AVC.
- Ganho de peso: O cortisol estimula o armazenamento de gordura abdominal, contribuindo para o ganho de peso e obesidade.
- Problemas de sono: O excesso de cortisol pode dificultar o sono, levando à insônia e à fadiga.
- Depressão e ansiedade: O estresse crônico está associado ao desenvolvimento de depressão e ansiedade.
Outros Hormônios Afogados no Estresse Crônico:
O estresse crônico não se limita ao cortisol, afetando também outros hormônios importantes no ciclo circadiano:
- Melatonina: A melatonina, o hormônio do sono, é suprimida pelo cortisol, dificultando o sono e perpetuando o ciclo de estresse.
- Serotonina: A serotonina, neurotransmissor responsável pelo humor e bem-estar, é diminuída pelo estresse crônico, contribuindo para sintomas de depressão e ansiedade.
- Dopamina: A dopamina, neurotransmissor relacionado à motivação e recompensa, também é afetada pelo estresse crônico, podendo levar à perda de interesse em atividades prazerosas.
O Estresse Crônico e a Disfunção dos Endocanabinoides : Uma Exploração Científica para Médicos
Introdução:
O estresse crônico, um fardo cada vez mais presente em nossas vidas modernas, tece uma teia complexa de efeitos deletérios à saúde, repercutindo inclusive no sistema endocanabinoide (SEC) que é representando principalmente pelos endocanabinoides, um sistema endógeno crucial para a homeostase do organismo. Compreender essa relação profunda entre o estresse e o SEC, com foco em seus mecanismos e consequências, é fundamental para profissionais da área médica buscarem soluções terapêuticas eficazes e promoverem o bem-estar de seus pacientes.
O Sistema Endocanabinoide: Um Maestro Silencioso:
O SEC, composto por endocanabinoides (EC), seus receptores (CB1 e CB2) e enzimas de produção e degradação, atua como um maestro silencioso, orquestrando diversos processos fisiológicos, como:
- Resposta inflamatória: O SEC modula a resposta inflamatória, auxiliando na defesa contra infecções e no reparo tecidual.
- Nocipercepção: Ele regula a percepção da dor, influenciando a sensibilidade à estímulos dolorosos.
- Apetite e metabolismo: O SEC influencia o apetite e o metabolismo, contribuindo para o controle do peso corporal.
- Função imunológica: Ele modula a função imunológica, auxiliando na defesa contra patógenos.
- Humor e bem-estar: O SEC está relacionado ao humor e ao bem-estar, influenciando o estado emocional e mental.
O Estresse Crônico e a Disfunção dos Endocanabinoides :
O estresse crônico, caracterizado por uma exposição prolongada a situações estressantes, provoca uma desafinação na orquestra dos endocanabinoides, alterando os níveis e a atividade de seus componentes.
- Diminuição dos Endocanabinoides: O estresse crônico leva à diminuição da produção de endocanabinoides, principalmente anandamida (AEA) e 2-araquidonoilglicerol (2-AG), essenciais para a homeostase do organismo.
- Aumento do Cortisol: O cortisol, hormônio do estresse, suprime a produção de endocanabinoides, perpetuando o ciclo de estresse e seus efeitos deletérios.
- Disfunção dos Receptores Canabinoides: O estresse crônico pode levar à disfunção dos receptores canabinoides CB1 e CB2, alterando a resposta do organismo aos endocanabinoides e outros estímulos.
O Impacto na Saúde:
A desarmonia dos endocanabinoides causada pelo estresse crônico tem um impacto profundo na saúde, aumentando o risco de diversas doenças, como:
- Doenças inflamatórias: Artrite reumatoide, doenças inflamatórias intestinais, doenças autoimunes.
- Doenças crônicas da dor: Dor crônica, fibromialgia, enxaqueca.
- Transtornos de humor: Depressão, ansiedade, transtornos de estresse pós-traumático.
- Problemas de sono: Insônia, fadiga.
- Deficiências imunológicas: Maior suscetibilidade a infecções.
- Problemas de fertilidade: Dificuldade para engravidar.
O Papel Fundamental do Médico:
Diante da complexa relação entre estresse crônico e o sistema endocanabinoide, o médico assume um papel fundamental na avaliação, diagnóstico e tratamento dos efeitos deletérios do estresse à saúde.
- Avaliação Holística: O médico deve realizar uma avaliação holística do paciente, considerando os sintomas físicos, emocionais e comportamentais, além dos fatores de risco para o estresse crônico.
- Diagnóstico Diferencial: É crucial realizar um diagnóstico diferencial preciso, descartando outras causas de disfunção do SEC antes de considerar o estresse crônico como o principal fator.
- Plano Terapêutico Individualizado: O plano terapêutico deve ser individualizado, considerando as necessidades e características específicas de cada paciente, podendo incluir:
- Terapias comportamentais: Técnicas de gerenciamento do estresse, como meditação, yoga e terapia cognitivo-comportamental, podem ajudar a reduzir os níveis de cortisol e promover a homeostase do SEC.
- Modificações no estilo de vida: Alimentação saudável, prática regular de exercícios físicos e sono de qualidade são essenciais para reduzir o estresse e promover o bem-estar geral.
- Terapias medicamentosas: Em alguns casos, o uso de medicamentos que modulam o SEC, como canabinoides sintéticos ou fitocanabinoides, pode ser considerado em conjunto
Quando você está sob estresse, seu cérebro pode liberar suas próprias moléculas de endocanabinoides para acalmá-lo, ativando os mesmos receptores cerebrais que o THC derivado das plantas de cannabis
Mas os padrões de atividade cerebral e os circuitos neurais regulados por estas moléculas de canabinoides derivadas do cérebro não eram bem conhecidos.
Um novo estudo da Northwestern Medicine em ratos descobriu que um centro emocional chave do cérebro, a amígdala, libera moléculas canabinóides endógenas (do próprio corpo) sob estresse, e essas moléculas amortecem o alarme de estresse recebido do hipocampo, um centro de memória e emoção no cérebro. Estes resultados fornecem mais suporte para a hipótese de que estas moléculas canabinóides endógenas são a resposta natural do corpo ao stress.
A exposição ao estresse aumenta o risco de desenvolvimento ou agravamento de transtornos psiquiátricos, desde ansiedade generalizada e depressão maior até transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
“Compreender como o cérebro se adapta ao estresse em nível molecular, celular e de circuito pode fornecer informações críticas sobre como o estresse é traduzido em transtornos de humor e pode revelar novos alvos terapêuticos para o tratamento de transtornos relacionados ao estresse”, disse o autor do estudo, Dr. Sachi Patel, presidente de psiquiatria e ciências comportamentais da Northwestern University Feinberg School of Medicine e psiquiatra da Northwestern Medicine.
O estudo pode indicar que deficiências neste sistema de sinalização canabinoide endógeno no cérebro podem levar a uma maior suscetibilidade ao desenvolvimento de distúrbios psiquiátricos relacionados ao estresse, incluindo depressão e TEPT, embora isso ainda precise ser determinado em humanos, disse Patel.
O estudo foi publicado em 12 de setembro na Cell Reports.
Para o estudo, os cientistas da Northwestern usaram um novo sensor de proteína que pode detectar a presença destas moléculas de canabinóides em sinapses cerebrais específicas em tempo real para mostrar que padrões específicos de actividade da amígdala de alta frequência podem gerar estas moléculas. O sensor também mostrou que essas moléculas foram liberadas como resultado de diversos tipos de estresse em ratos.
Quando os cientistas removeram o alvo destes canabinóides, o receptor canabinóide tipo 1, resultou numa menor capacidade de lidar com o stress e défices motivacionais nos ratos.
Especificamente, quando o alvo receptor destes canabinóides endógenos foi removido nas sinapses hipocampo-amígdala, os ratos adoptaram respostas mais passivas e imóveis ao stress e tiveram uma menor preferência em beber água com sacarose adoçada após a exposição ao stress. Este último achado pode estar relacionado à anedonia, ou à diminuição do prazer, frequentemente vivenciada por pacientes com transtornos relacionados ao estresse, como depressão e TEPT.
Um dos principais sistemas de sinalização que foi identificado como um candidato proeminente ao desenvolvimento de medicamentos para transtornos psiquiátricos relacionados ao estresse é o sistema endocanabinóide, disse Patel.
“Determinar se níveis crescentes de canabinóides endógenos podem ser usados como potencial terapêutico para distúrbios relacionados ao estresse é o próximo passo lógico deste estudo e de nosso trabalho anterior”, disse Patel, também professor de Psiquiatria e Ciências do Comportamento da Lizzie Gilman.
“Existem ensaios clínicos em curso nesta área que poderão responder a esta questão num futuro próximo.”
Outros autores do Noroeste incluem Farhana Yasmin, Amanda Morgan e Keenan Johnson.
O título do artigo é “A liberação de endocanabinóides nas sinapses ventrais do hipocampo-amígdala regula a adaptação comportamental induzida pelo estresse”.
A cannabis pode reduzir o estresse?
Estresse reativo e oxidação
Quando os sistemas inflamatórios respondem ao estresse ou à infecção, a liberação de espécies reativas de oxigênio (ROS) leva a um desequilíbrio de oxidantes, conhecido como reação de estresse oxidativo . O desequilíbrio em qualquer parte deste processo pode levar a disfunções mais abaixo na cascata, levando à incapacidade do corpo de regular a sua resposta ao stress e conduzindo a um aumento do ciclo de oxidação e inflamação.
A pesquisa nos deu um grande conjunto de evidências sobre as propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes da cannabis, e vai além dos mais conhecidos compostos delta 9 tetrahidrocanabinol (THC) e canabidiol (CBD) , e inclui muitos dos terpenos comuns encontrados na cannabis. . No entanto, existem limitações, uma vez que a maior parte das evidências que mostram as suas potentes propriedades anti-inflamatórias provêm de estudos laboratoriais e em animais.
Estresse Físico e Emocional
A cannabis tem uma reputação de longa data como ferramenta de relaxamento e redução do estresse . Existem vários estudos confirmatórios sobre os efeitos de “relaxamento” da cannabis, incluindo um que sugere que o consumo de nível médio pode melhorar os índices de qualidade de vida em pacientes com condições crónicas de saúde. O que é menos compreendido são os impactos a longo prazo do consumo intenso de cannabis nas respostas ao stress. Um estudo sugere que o consumo mal-adaptativo de cannabis pode aumentar a ansiedade e os sintomas depressivos , e outro sugere que pode estar ligado à dependência a longo prazo .
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Referências :