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Canabinoides Tópicos: Uso, Desafios de Absorção e Evidências Recentes

        Canabinoides tópicos são produtos – como cremes, pomadas ou géis – formulados com compostos da cannabis (especialmente o canabidiolCBD, que não causa efeitos psicoativos) para aplicação direta na pele. Eles são usados para aliviar dores localizadas e inflamações, evitando efeitos sistêmicos indesejados. Ao serem aplicados, esses produtos interagem com receptores canabinoides presentes na pele, proporcionando alívio local relativamente rápido e sem induzir o “barato” associado ao THC.

        Tópicos tradicionais – incluindo loções e cremes à base de água e bálsamos e pomadas à base de óleo – têm um início de ação rápido, não apresentam psicoatividade e têm o potencial de tratar não apenas dores e inflamações, mas também doenças de pele como psoríase e eczema. Por outro lado, têm ação curta, biodisponibilidade relativamente baixa e são limitados à área onde são aplicados.

         Já as formulações transdérmicas ou de “transposição cutânea” são sistêmicas. Agem em todo o corpo (e, portanto, podem produzir psicoatividade leve se o THC estiver envolvido); também duram mais e fazem efeito mais lentamente. 

        Esses produtos contam com intensificadores químicos (chamados “excipientes”) como etanol, propilenoglicol, ácido oleico e até terpenos para ajudar os canabinoides a atravessar a barreira cutânea e chegar à corrente sanguínea. Eles também utilizam sistemas de liberação especiais, como adesivos, hidrogéis e nanoemulsões. 

        Obviamente, o que mais importa para pacientes e médicos é se os canabinoides tópicos e transdérmicos realmente funcionam. Grande parte da pesquisa até o momento se concentrou em testar a capacidade do canabidiol ou CBD de tratar diversas formas de dor por meio de uma variedade de mecanismos moleculares – seja localmente, como em artrite, dores musculares ou condições inflamatórias da pele; ou sistemicamente, para doenças crônicas que exigem uma liberação mais controlada e sustentada.

Desafios na absorção dos canabinoides tópicos pela pele

        A pele humana atua como uma barreira muito eficaz. A camada externa (estrato córneo) limita drasticamente a passagem de substâncias – apenas moléculas suficientemente pequenas e com certas características conseguem atravessá-la. O CBD, por ser uma molécula relativamente grande e altamente lipofílica, tende a ficar retido nessa camada superficial, sem atingir as camadas mais profundas da pele ou a circulação sanguínea em quantidade significativa. 

        Com isso, a biodisponibilidade dos canabinoides tópicos é baixa, e seus efeitos geralmente ficam restritos ao local de aplicação.

Soluções para melhorar a absorção de canabinoides tópicos

        Diversas estratégias vêm sendo pesquisadas para aumentar a penetração de canabinoides pela pele. Uma abordagem é adicionar promotores de permeação nas formulações – substâncias como etanol, propilenoglicol, ácido oleico ou terpenos – que tornam a pele mais permeável, ajudando os canabinoides a ultrapassar a barreira cutânea. 

        Outra estratégia é o uso de tecnologias de liberação avançadas, como adesivos transdérmicos (patches) e nanoformulações (nanoemulsões, lipossomas e outras nanopartículas) que facilitam a passagem do CBD pela pele de forma mais eficiente. Todas essas abordagens visam aumentar a quantidade de canabinoide que alcança os tecidos-alvo (ou mesmo a corrente sanguínea), potencializando a eficácia terapêutica dos canabinoides tópicos.

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Evidências científicas recentes sobre canabinoides tópicos

        Nos últimos anos, estudos vêm avaliando a efetividade dos canabinoides de uso tópico no manejo da dor. A seguir estão alguns achados recentes da literatura:

  • Revisão (2024) – Uma revisão da literatura concluiu que a aplicação transdérmica de CBD para dor inflamatória é promissora, mas ainda carece de evidências clínicas consistentes de benefício.

  • Revisão Sistemática (2023) – Outra revisão sistemática destacou a escassez de dados confiáveis e enfatizou a necessidade de mais ensaios clínicos rigorosos sobre canabinoides tópicos.

  • Dor muscular pós-exercício (2024) – Em um estudo piloto (Pastina et al.), um creme de CBD não reduziu a dor muscular após exercício comparado ao placebo – na verdade, o grupo placebo relatou melhor recuperação que o grupo CBD.

  • Dor pós-cirurgia de joelho (2022) – Em pacientes que passaram por artroplastia de joelho, o uso de CBD tópico não diminuiu a dor nem o consumo de opioides no pós-operatório em relação ao placebo.

  • Artrite no polegar (2022) – Um ensaio controlado com 18 pacientes com osteoartrite no polegar mostrou que o CBD tópico melhorou a dor e a função da mão de forma significativa em comparação ao placebo, sem efeitos adversos relevantes.

  • Osteoartrite das mãos (2024) – Em um estudo aberto (Bawa et al.), pacientes com osteoartrite nas mãos usaram um gel transdérmico de CBD por 4 semanas. O tratamento foi associado à redução da dor e aumento da força de preensão manual; após interromper o uso, os sintomas voltaram ao nível inicial, sugerindo efeito real do CBD. Os autores ressaltam que esses resultados promissores precisam ser confirmados em estudos controlados com placebo.

         Os canabinoides tópicos surgem como uma alternativa segura e potencialmente útil para alívio de dores superficiais e inflamações locais, mas os dados científicos ainda são preliminares e variados. Enquanto alguns estudos mostram benefícios (especialmente em certas condições articulares e inflamatórias), outros não encontraram diferenças em relação ao placebo. 

        Assim, recomenda-se cautela e acompanhamento das pesquisas em andamento para definir com mais clareza em quais situações os canabinoides tópicos realmente trazem benefícios significativos e quais formulações são mais eficazes.

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Referências :
 

 

CBD Topical Medicine: What Does the Science Say? | Project CBD

https://projectcbd.org/science/cbd-topical-medicine-what-does-the-science-say/
 

Transdermal Delivery of Cannabidiol for the Management of Acute Inflammatory Pain: A Comprehensive Review of the Literature

https://www.mdpi.com/1422-0067/25/11/5858
 

A Randomized Controlled Trial of Topical Cannabidiol for the Treatment of Thumb Basal Joint Arthritis – PubMed

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35637038/
 

An open-label feasibility trial of transdermal cannabidiol for hand osteoarthritis | Scientific Reports

https://www.nature.com/articles/s41598-024-62428-x?error=cookies_not_supported&code=491f162b-e66a-46d1-8e27-c32bdb4ab009

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