boas práticas para a doença de alzheimer

O fim da Doença de Alzheimer é uma utopia ?

Há alguns anos tive a oportunidade de ler um livro chamado “O fim do Alzheimer “do escritor norte americano Dale E. Bredsen, presente de uma pessoa muito querida esposa de um paciente que possui essa doença.

O livro conta os fatores envolvidos no nosso estilo de vida, nos nossos hábitos que acabam por culminar na degeneração crônica dos processos neuronais gerando quase que inevitavelmente a doença em questão, no tocante em relação às demências mas vale também na Doença de Alzheimer.

Porém com a prática lidando com essas patologias e podendo observar da ótica do sistema endocanabinoide, experimentei diversas “guidelines”que pudessem auxiliar esses pacientes, mas seguindo a medicina tradicional, observando apenas da ótica “neurológica”, não pude contemplar benefícios que pudessemos reconhecer como significativos.

O ano de 2018/2019 foi crucial para isso, quando tratei o primeiro paciente com essa patologia observando o sistema endocanabinoide e o organismo como um todo, ao invés de apenas pensar nas deficiências de neurotransmissores e afins.

A partir daí pude consagrar junto aos familiares, melhoras incríveis com a aplicação terapêutica dos fitocanabinoides nesses indivíduos, me demonstrando a importância de se entender essas doenças neurodegenerativas com um olhar mais integrado, principalmente na tentativa da modulação desse sistema, endocanabinoide, que está envolvido quando deficiente, na patogênese dessa e de outras inúmeras patologias, que não se restringem apenas ao cérebro.

Mas os fitocanabinoides, nesse universo de tratamento, é apenas o suplemento que estava faltando, mas não é efetivamente o principal modulador do sistema endocanabinoide. Na verdade não existe um principal, mas um conjunto de fatores que juntos podem fortalecer e amplificar o tônus ( força ) desse sistema endocanabinoide.

Nesse artigo vamos falar não da cannabis ou dos seus compostos, mas de práticas diárias que podem auxiliar na modulação do sistema endocanabinoide não medicamentosas. Alguns serão clichês conhecidos, mas quando em conjunto, interagem corpo-mente-espírito de uma forma tão suprema, que nos demonstram o quão importante é saber viver. Desde a nutrição do corpo (oque se come e oque se bebe), da nutrição da mente (quais pensamentos permitem que o circunde e o que faz pra ter bem estar psicossocial) e do espírito (qual longe deixa ele vagar e quão próximo consegue estar ).

Pode parecer complicado seguir esses conselhos, mas saiba que é um caminho sem volta, é como se iniciasse uma jornada infinita sem destino, mas que permitisse ao longo da estrada contemplar a sua vida da melhor forma possível. Fazendo escolhas que nutrem primeiramente o espírito, depois a mente e por último, o corpo.

Abaixo irei descrever práticas que podem auxiliar não somente o paciente portador de uma doença crônica como a Doença de Alzheimer, mas todos que almejam ter uma vida saudável integrando todos os sistemas fisiológicos sob um só: o sistema endocanabinoide.

MODULANDO POSITIVAMENTE O SISTEMA ENDOCANABINOIDE

Ë bem possível que existem inúmeros fatores envolvidos no controle do tônus do SEC porém aqui vamos enumerar os que foram deflagrados como pontos “chave”na manutenção desse tônus.

Segundo Dr Ethan Russo em seus estudos mais recentes, o tripé essencial para esse controle eficaz do SEC seriam :

Seguindo esses estudos, outros tentaram demonstrar quais hábitos, ou quais alimentos ou ainda mais, quais práticas poderiam integrar mais força ao SEC na tentativa de controle de seu tônus. E a seguir foram os achados conclusivos :

1 . CANABIMIMÉTICOS

A cannabis é uma fonte rica em canabinóides, incluindo THC, CBD , CBN, CBG e muitos mais. No entanto, outras ervas culinárias produzem moléculas semelhantes.

O β-cariofileno – um canabinóide e terpeno “dietético” – ativa os receptores CB2 . Ambos AEA e 2-AG se ligam aos receptores CB2 , mas o baixo tônus endocanabinóide pode levar a uma ativação inadequada. Esta molécula existe em abundância nas seguintes plantas:

• Pimenta preta
• Erva-cidreira
• Cravinho
• Lúpulo
• Alecrim

Na Echinacea – uma erva usada na medicina tradicional as alquilamidas  proeminentes também parecem ter como alvo o receptor CB2. Essas moléculas são consideradas os componentes ativos da planta e parecem ter propriedades imunomoduladoras .

O incenso copal extraído da espécie Protium contém um triterpeno pentacíclico com alta afinidade pelo CB1 e CB2. O absinto contém tujona que também possui fraca finidade pelo CB1. Assim como a salvinorina A da planta Salvia divinorum que também atua nos receptores canabinoides.

Flavonoides como a biocianina A do trevo vermelho, a genisteína da soja, kaempferol do chá de Camelia sinensis exercem inibição da enzima degradadora da anandamida ( FAAH ). Yangonin, extraído da Kava, exibe alta afinidade pelo CB1 assim como a curcumina e o resveratrol.

Plantas superiores produzem PUFAs ( ácidos graxos poliinsaturados ) de caudas acila limitadas a 18 carbonos de comprimento, detectados no cacau derivados do Theobroma cacau. Ao contrário de plantas superiores, plantas não vasculares, como licopódios, musgos, algas também são capazes de produzir PUFAs com caudas mais longas semelhantes a anandamida e outros canabinoides endogenos. A semiplenamida A, PUFA de uma alga Lyngbya semiplena , a granadamida da Lyngbya majuscula e outros como algas do tipo Clorophyta também possuem certa afinidade por esses receptores.

O principal terpeno da pimenta preta, assim como falado acima, atua como agonista CB2. A rutamarina em Ruta graveolens , e também a resina aromática extraída do mastique Pistacia lentisucs apresentaram capacidade de aumentar os canabinoides endógenos.

Mariscos como o mexilhão, moluscos e ostras, o ouriço do mar e a Ciona intestinalis produzem Anandamida (AEA) e 2 Acilglicerol (2AG).

2 . SUPLEMENTOS ALIMENTARES

Os ácidos graxos poliinsturados ( PUFAs ) devem ser obtidos a partir da dieta, numa proporção adequada entre Omega 3 e Omega 6, desempenhando um papel importante na modulação do SEC. Os metabólitos inflamatórios do Ácido Araquidônico são combatidos pelos Omega 3 da dieta, os conhecidos Ácido eicosapentaenóico (EPA) e Ácido docosahexaenóico (DHA).

A suplementação com Omega3 na dieta diminuiu a AEA e 2AG nos tecidos e celulas no entanto é bastante complexo esse processo , e é preciso ser compreendido na sua íntegra.

No óleo de peixe natural, DHA e EPA são esterificados em triacilglicérides e nas cápsulas são esterificados em éster etílico, oque reduz sua biodisponibilidade.

Em resumo, os Omega3 da dieta parecem atuar como reguladores do SEC, de forma direta e indireta, principalmente quando consumidos na forma natural encontrada na sua origem. Em breve teremos uma postagem falando sobre os mecanismos pelos quais a presença dos ácidos graxos permitem a sintetização dos canbinoides endogenos.

3 . PROBIOTICOS E PREBIÓTICOS

Probióticos são microorganismos endossimbióticos que conferem benefícios á saúde de seus hospedeiros humanos, regulando a microbiota intestinal. Ocorrem em produtos fermentados como iogurte, kombucha e kefir. Os organismos mais conhecidos são Lactobacillus e as bifidobacterium. As células intestinais humanas incubadas com o L. acidophilus produziram mais mRNA de CB2.

Prébióticos e probióticos modulam a expressão de CB1, um estudo demonstrou em camundongos, que quando alimentados com oligofrutose e probióticos, expressaram menos mRNA CB1, produzindo menos AEA e ganhando menos massa gorda.

4 . OUTRAS CONSIDERAÇÕES ALIMENTARES

Um derivado natural de fosfato de vitamina E, alfa tocoferil, atua bloqueando CB1 modulando a transmissão sináptica no hipocampo de roedores.

O leite materno contém quantidades de AEA e 2AG, mas o significado biológico disso ainda não é bem estabelecido.

Pesticidas alteram a função normal do SEC, então consumir alimentos orgânicos e livres de contaminantes promovem a homeostase deste, ou pelo menos evita a disfunção. Os ftalatos são plastificantes adicionados á garrafa de agua, latas e embalagens de alimentos, e são importantes disruptores endócrinos e bloqueiam o CB1 como antagonistas alostéricos.

5 . ACUPUNTURA

A acupuntura reduziu o comportamento relacionado ao estresse e a liberação normalizada de corticosterona induzida. A eletroacupuntura aumentou os níveis de AEA no tecido da pele, regulando positivamente e expressão dos receptores CB2 neste local, promovendo a liberação de beta-endorfina, que atua nos receptores periféricos de opióides.

6 . MASSAGEM E MANIPULAÇÃO OSTEOPÁTICA

Essas terapias aumentaram os níveis de AEA séricos em 168 % acima dos níveis pré tratamento. A manipulação osteopática em indivíduos com dor lombar, aumentou a AEA em 1,6 vezes acima dos níveis anteriores ao tratamento.

7 . MUDANÇAS DE DIETA E PESO

Dezenas de estudos em animais e de coorte em humanos mostraram que dietas ricas em gorduras saturadas e açucares alteram os níveis de AEA e 2AG, suas enzimas metabólicas e CB1. Muitos estudos demonstraram que os agonistas CB1 estimulam o consumo desse tipo de alimento. As propriedades gratificantes ou a recompensa por ter ingerido o alimento são atenuadas pelo bloqueio do CB1, e isso ocorrem em toda as escala filogenética, desde humanos até a hydra.

A regulaçao positiva do SEC em seres humanos obesos parece ser impulsionada pela produção excessiva de SEC em tecidos periféricos com o adiposo visceral, fígado, pâncreas e músculo esqueletico.

A perda de peso por restrição calórica ou jejum modula previsivelmente o SEC, Bennetzen et al demonstrou que perda entre 10 e 12 % do peso resultou em níveis mais elevados de 2AG nos tecidos adiposos, sem alterações na AEA.

Em resumo, o aumento da ingestão de alimentos, adiposidade e níveis elevados de AEA e 2AG encontram-se em um ciclo evolutivo que culminam nas obesidade.

7 . EXERCÍCIOS FÍSICOS

Estudos demonstraram que o exercício modula o SEC. Os resultados desse estudo estão na tabela abaixo, mostrando a diferença entre exercícios voluntarios de curto prazo versus exercícios coagidos de longa duração.

 

embora todos os regimes aumentem as concentraçoes de AEA e 2AG apenas os exercícios a longo prazo o fizeram de forma sustentada.

Nos seres humanos, os níveis séricos de AEA dobraram em relação a linha de base em exercícios de corrida acima de 30 minutos e muito mais significativamente após o ciclismo. A atividade aeróbica extenuante, como alpinismo, escalada, treinos HIIT aumentaram o nível de AEA mas em menor grau, mas muito acima do estudado nas restrições calóricas.

8 . RESTRIÇÃO OBRIGATÓRIA AO USO DO ALCOOL

É inaceitável que um paciente com uma doença neurológica crônica faça o consumo de qualquer quantidade de álcool. Estudos mais recentes demonstraram que o consumo dessa substância, mesmo que em quantidades pequenas, podem induzir redução do CB1 e consequentemente diminuir o tônus do SEC, em um indivíduo que já possui distúrbios por deficiência que reflete nos sintomas tão variados.

Já o uso agudo de álcool pode aumentar a liberação endógena do SEC e sua sinalização, porém o uso crônica ou excessivo dessensibiliza e desregula a expressão desses receptores, exceto na área de motivação e recompensa.

9 . NICOTINA

Em um estudo randomizado em humanos a nicotina aumentou a AEA na amígdala, hipotálamo e córtex pré frontal, diminuido no hipocampo. A nicotina crônica aumentou AEA no prosencéfalo límbico e no tronco cerebral de ratos, porém diminuindo no hipocampo, corpo estriado e córtex cerebral.

A nicotina e seu uso crônico aumentou a densidade de CB1 no cortex pre frontal límbico, tegmentar ventral e hipocampo. Parece que a nicotina exerce um efeito modulador em algumas das ações psicomimeticas da cannabis e seus derivados. Ela envolve a parte motora e a questão do humor, memória e cognição. Faltam estudos para poder esclarecer como funciona essa complexidade de interações.

10 . CAFEÍNA

A administração de cafeína / teofilina induz ação sobre receptores de adenosina de forma antagônica. Mas vai além disso, ocorrem interações a longo prazo, reduzindo a densidade de CB1 no hipocampo e córtex cerebral. Em camundongos, a cafeína crônica em altas doses, potencializou a estimulação de CB1 por endocanabinoides.

11 . PRATICAS MENTE – ESPÍRITO

As práticas mente-corpo são outro meio pelo qual somos capazes de afetar o ECS. Isso é mediado principalmente pelo eixo hipotálamo-pituitária- adrenocortical (HPA). Curiosamente, enquanto o estresse crônico é conhecido por aumentar os níveis de cortisol e reduzir os níveis de 2-AG, com estresse repetido, os níveis de 2-AG aumentam ou diminuem dependendo da natureza do estresse e se ele é persistente ou intermitente.

Isso pode ajudar a explicar como os corpos de indivíduos em empregos de alto estresse, como controladores de tráfego aéreo ou socorristas, são capazes de se adaptar e gerenciar seus níveis de cortisol, apesar dos altos níveis de estresse. Também pode ajudar a explicar por que algumas pessoas parecem ser mais naturalmente adequadas para empregos de alto estresse do que outras.

12 . AROMATERAPIA E ÓLEOS ESSENCIAS

Os mesmos compostos presentes nos óleos essencias da natureza são aqueles que sinergizam com a cannabis promovendo o famoso efeito comitiva ou entourage effect.

Aplicar esses mesmo óleos de origem diversa, podendo atuar sobre o sistema endocanabinoide e também sobre os fitocanabinoides, modulando ou potencializando o efeito , detalhe considerado importantíssimo quandao se trata de doentes crônicos, em que simplesmente aumentar as doses desses derivados da cannabis podem trazer inúmeros problemas devido às interações medicamentosas.

Muitos ensaios clínicos randomizados identificados foram realizados sobre modificações no estilo de vida, por exemplo, exercício, suplementos alimentares, dieta, acupuntura, massagem dentre outros. Em nossa opinião esses são métodos e dicas sensatas para aprimorar o SEC sem utilização da cannabis ou dos alopáticos que interferem na complexidade dos processos bioquímicos que ocorrem no corpo humano.

Desde início de 2020 atendemos pacientes portadores de inúmeras doenças crônicas, como Demencias, Parkinson, Esclerose, Dor crônica como na fibromialgia e enxaqueca, polineuropatias, ansiedade, depressão, insônia, autismo, estresse crônico, epilepsia, TDAH e diversas outras, que possuem um ponto específico em comum que é o SEC e suas deficiências.

O Instituto de Medicina Orgânica alia terapia canabinoide, nutrição especializada, fisioterapia e naturologia para promover o maior cuidado ao seu bem estar e de seu sistema endocanabinoide. Atuamos também na prevenção desses distúrbios com uma ótica mais integrativa e relacionada ao Sistema Endocanabinoide.

Um Sistema endocanabinoide regulado é sinal de microbiota intestinal equilibrada, bem estar da saúde mental e nada de sedentarismo – > são os clichês que a partir dos estudos nos demonstraram o porquê da sua importância na manutenção de uma saúde estável e duradoura.

Patologias que podem ser beneficiadas :

– TDAH e ansiedade

– Demências e Doença de Alzheimer

– Doença de Parkinson

– Dores crônicas, enxaqueca e fibromialgia

– Insônia, estresse crônico e TDAH.

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REFERENCIAS :

1. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1840412.

2. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/249779674. 3.http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23769745
5. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23769745
6. http://www.pnas.org/content/106/12/4579.full
7. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2169225/ 8. 8.http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3775234/ 9. 9.http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21352826

10. http://jpet.aspetjournals.org/content/308/3/838.full 11. 11.http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/1462

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