Nos últimos anos, pesquisas clínicas canabinoides têm ganhado destaque no cenário científico e médico. Essa crescente atenção reflete não apenas o interesse pelo uso terapêutico da cannabis, mas também a complexidade envolvida no funcionamento dos canabinoides no organismo humano. Para compreender a importância clínica desses compostos, é essencial entender o sistema endocanabinoide (SE) e o seu papel regulador na saúde humana.

Canabinoides são todas e qualquer substância que exerça seu efeito direto sobre receptores endocanabinoides, interagindo de forma biologicamente definica. Dentre os canabinoides disponíveis, temos os endocanabinoides de diversos mamíferos e espécies, fitocanabinoides da planta cannabis e outras espécies e canabinoides sintéticos.
Os endocanabinoides fazem parte de um sistema fisiológico que modula diversas funções no nosso organismo. O conhecido Sistema Endocanabinoide.
O que é o Sistema Endocanabinoide?
O sistema endocanabinoide é uma rede fisiológica composta por três elementos principais:
Endocanabinoides – moléculas lipídicas produzidas naturalmente pelo corpo.
Receptores canabinoides – principalmente os receptores CB1 e CB2.
Enzimas metabolizadoras – responsáveis pela síntese e degradação dos endocanabinoides.
Além disso, pesquisas mais recentes apontam para um sistema mais amplo, chamado endocanabinoidoma (eCBome), que inclui outras moléculas bioativas e sistemas de sinalização que interagem com o SE. A comunicação cruzada entre o SE e o eCBome forma uma rede reguladora crucial que afeta funções como dor, humor, sono, apetite, inflamação e imunidade.
Tipos de Canabinoides Estudados em Pesquisas Clínicas
As pesquisas clínicas canabinoides geralmente se concentram em quatro categorias principais:
1. Fitocanabinoides
São compostos encontrados em plantas, principalmente na cannabis. Já foram identificados mais de 150 fitocanabinoides, sendo os mais conhecidos o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD).
2. Endocanabinoides
Produzidos pelo próprio corpo humano, os principais são a anandamida (AEA) e o 2-araquidonoilglicerol (2-AG). Eles atuam como neurotransmissores lipofílicos que modulam o equilíbrio interno (homeostase). Em pesquisas clínicas, seus níveis e suas enzimas associadas, como a FAAH, são estudados para entender condições como depressão, dor crônica e distúrbios neurológicos.
3. Canabinoides Sintéticos
São moléculas produzidas em laboratório para fins de pesquisa ou uso farmacológico. Um exemplo é o HU-211 (dexanabinol), com potencial neuroprotetor. Apesar do uso restrito em pacientes, esses compostos ajudam a elucidar os mecanismos moleculares dos receptores canabinoides.
4. Canabinoides Farmacêuticos
Disponíveis sob prescrição, incluem medicamentos como o Marinol (THC sintético) e o Epidiolex (CBD isolado). Suas formulações seguem padrões farmacológicos e são amplamente usados em estudos clínicos por sua padronização e segurança.
Pesquisas Clínicas Canabinoides
De acordo com a base de dados de ensaios clínicos controlados por placebo e duplo-cego, os canabinoides mais estudados com efeitos terapêuticos comprovados são:
THC – 618 estudos
CBD – 520 estudos
THC farmacêutico – 207 estudos
Formulações THC:CBD – 128 estudos
CBD farmacêutico – 111 estudos
PEA (palmitoiletanolamida) – 83 estudos
AEA (anandamida) – 79 estudos
2-AG – 51 estudos
Canabinoides sintéticos diversos (SR-x) – 41 estudos
FAAH – 40 estudos
Esses números evidenciam o crescente interesse da comunidade científica em explorar os efeitos terapêuticos dos canabinoides, especialmente em doenças como epilepsia, esclerose múltipla, dor neuropática e transtornos de ansiedade. As pesquisas clinicas canabinoides tendem a alavancar a ciência moderna.
Quimiotipos e Relevância Clínica
Para aplicação clínica, é fundamental conhecer os quimiotipos da cannabis, definidos pela proporção entre THC e CBD:
Quimiotipo I – predominância de THC
Quimiotipo II – proporções similares de THC e CBD
Quimiotipo III – predominância de CBD
Quimiotipo IV – predominância de CBG
Quimiotipo V – ausência de canabinoides detectáveis
A escolha do quimiotipo adequado pode otimizar a resposta clínica do paciente, minimizando efeitos adversos e potencializando os benefícios terapêuticos.
Outras Fontes de Canabinoides
Embora a cannabis seja a planta com maior diversidade e concentração de canabinoides, outras espécies como hepáticas, rododendros e certos fungos também produzem compostos semelhantes. No entanto, nenhuma possui a complexidade bioquímica e o potencial terapêutico da cannabis.


As pesquisas clínicas com canabinoides têm revelado um universo terapêutico promissor, respaldado por evidências científicas crescentes. Entender os tipos de canabinoides, seus mecanismos de ação e a variedade de quimiotipos disponíveis é essencial tanto para profissionais de saúde quanto para pacientes que buscam tratamentos mais naturais, eficazes e personalizados. O futuro da medicina está cada vez mais ligado à modulação do sistema endocanabinoide e seus derivados.
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