Endocanabinoidoma

grande avanço sobre os estudos relacionados ao sistema endocanabinoide, veio em 1988, quando cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de St. Louis determinaram que o cérebro de um rato tinha sítios receptores – moléculas de proteínas especializadas embutidas nas membranas celulares – que são ativadas pelo THC . Inicialmente identificado pela professora Allyn Howlett e seu aluno de pós-graduação William Devane, e clonado dois anos depois , esse receptor canabinóide, apelidado de “ CB1 ”, acabou sendo muito mais abundante no cérebro dos mamíferos do que qualquer outro receptor acoplado à proteína G ( GPCR) descoberto até hoje.

A partir daí foi conhecido toda uma estrutura fisiológica, presente em todos os animais que possuem medula espinhal, conhecida como Sistema Endocanabinoide, responsável por inúmeras funções que regulam e modulam a homeostase celular.

Com o passar dos anos, toda essa estrutura veio sendo evidenciada, demonstrando que seu mecanismo envolvia múltiplos receptores canabinoides, os endocanabinoides produzidos pelo próprio organismo e as enzimas que sintetizam e catabolizam esses canabinoides endógenos.

Mas isso ainda não explicava grande parte dos mecanismos de ação dos canabinóides provenientes da planta de produção endógena, já que sua atuação era bem mais ampla e vasta que o sistema endocanabinode atingia com seus receptores. Era necessário haver uma ação destes canabinoides em múltiplos receptores e sistemas integrados para que fosse explicado as propriedades que estes produzem no organismo, e além disso, era necessário mais soldades em campo que havia sido descoberto até o momento, em outras palavras, haveriam outros sinalizadores envolvidos que não somente estes descoberto até o momento.

Vinte e cinco anos após a descoberta do receptor CB1 , o sistema endocanabinóide canônico como estrutura conceitual foi desafiado por uma série de novas revelações. No mínimo, parecia que uma definição mais ampla de “receptor canabinóide” era justificada, uma definição que reconhece os três principais grupos de receptores que se ligam à anandamida e 2 – AG : receptores TRP e outros canais iônicos sensíveis ao ligante, receptores nucleares PPAR e vários receptores acoplados à proteína G, além de CB1 e CB2 .

Várias ervas e especiarias, não apenas a cannabis, contêm compostos que se ligam ao CB1 e/ou CB2 .

THC , CBD e outros canabinóides da planta também se envolvem em acoplamento com vários parceiros receptores de sistemas fisiológicos diversos ( sistema serotoninérgico, dopaminérgico, opióide endógeno, entre tantos outros ) . Além disso, várias ervas e especiarias, não apenas a cannabis, contêm compostos que se ligam ao CB1 e/ou CB2 . Além das terapias com ervas, os efeitos benéficos de outras modalidades de cura holística (jejum, exercício, osteopatia, acupuntura) também são mediados pelos receptores canabinóides canônicos.

Sistema endocanabinoide ampliado – Endocanabinoidoma

Assim, os cientistas começaram a pensar em termos de um “sistema endocanabinóide ampliado”, que inclui uma série de lipídios derivados de ácidos graxos, além de anandamida e 2- AG . Esses compostos semelhantes a endocanabinóides surgiram como importantes moléculas sinalizadoras por si só, e alguns também são metabolizados pela FAAH , a enzima que decompõe a anandamida. Em 2013, Vincenzo Di Marzo, um importante cientista canabinóide, apresentou a ideia do “ endocanabinoidoma ”, um hiper-sistema complexo que engloba nosso “lipidoma” inato, bem como nosso microbioma intestinal. A sinalização endocanabinóide facilita a comunicação entre a flora intestinal e o cérebro, um processo cada vez mais reconhecido como fundamental para a saúde humana.

E tendo em vista a nova tecnologia proporcionada pela explosão da era ”ômica”, e do entendimento de que uma abordagem mais holística é necessária para estudar a dor e a inflamação (assim como outras patologias), a complexidade do ”endocanabinidoma” “também oferece oportunidades sem precedentes para o desenvolvimento de novos medicamentos analgésicos “multialvos” e para a revisitação de “antigos” medicamentos e produtos naturais, que podem agir não só sobre o sistema endocanabinoide, mas em todo uma vasta rede complexa e integrada que promove saúde e equilíbrio celular.

Mais recentemente um esforço vem sendo feito para o desenvolvimento de medicamentos que tenham como alvo, o endocanabinoidoma, e não somente os receptores típicos do sistema endocanabinoide.

 

Endocanabinoidoma envolvido na dor e na inflamação.

Um dos exemplos mais estudados dessa classe é o Palmitoiletanolamida (PEA). O PEA é atualmente comercializada na Itália como Normast  (EpitechGroup, Saccolon go, Pádua, Itália), suplemento alimentar com uso médico específico, prescrito para o tratamento de dores neuropáticas e outras condições caracterizadas, entre outras coisas, pela hiperatividade de mastócitos.

A PEA também é comercializada como Pelvilen  (EpitechGroup, Saccolongo, Pádua, Itália) em uma formulação 10:1 com o agente antioxidante polidatina, contra a dor pélvica. PEA e outras N-aciletanol aminas saturadas que são quase ubiquamente encontradas em tecidos animais, foram inicialmente descritas como inflamação local. No entanto, desde então, os potenciais efeitos terapêuticos deste composto pleiotrópico têm aumentado muito, englobando ações antiinflamatórias, analgésicas e neuroprotetoras exercidas também ao nível da micróglia, astrócitos, neurônios, macrófagos e adipócitos. E a PEA agora é reconhecida como um mediador lipídico multialvo, agindo em diferentes vias para a modulação da inflamação e da dor.

Os receptores e enzimas deste complexo sistema (por exemplo, GPCRs órfãos e já conhecidos, canais TRP, PPARs, enzimas da cascata de araquidonato) que, juntamente com esses sinais químicos, constituem a ”cúpula de endocanabinoima”, parecem atuar como alvos moleculares não apenas para THC, mas também para outros canabinóides anteriormente negligenciados. A intenção principalmente é de se reviver a ideia do medicamento multialvo, seja de origem sintética ou natural, atuando de forma integrada em sistemas que podem juntos reequilibrar o organismo em conjunto com o sistema endocanabinoide.

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Referencias :

Maione, Sabatino a ; Costa, Bárbara b ; Di Marzo c,* Endocanabinóides: Uma oportunidade única para desenvolver-se multialvo, Pain: Dezembro- Edição – EdiçãoS93 doi: 10.1016/j.pain.2013.03.023

https://www.projectcbd.org/science/endocannabinoid-discovery-timeline

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